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A Mediação segundo Galtung:Uma Ponte para a Transformação do Conflito

Dr. Ricardo Petrissans Aguilar

17 fev, 2025

Johan Galtung, além de suas contribuições teóricas ao campo da conflictologia, também explorou as aplicações práticas de suas ideias, especialmente no âmbito da mediação. Para Galtung, a mediação não é simplesmente um processo para chegar a um acordo entre as partes em conflito, mas uma ferramenta para a transformação do conflito, que busca abordar as causas profundas da confrontação e construir relações mais justas e equitativas.
Galtung concebe a mediação como um processo de comunicação facilitado por um terceiro neutro, o mediador, que ajuda as partes a compreenderem-se mutuamente, a identificar seus interesses comuns e a encontrar soluções criativas que satisfaçam as necessidades de todos. Ao contrário da arbitragem, onde um terceiro toma uma decisão vinculativa para as partes, na mediação as partes mantêm o controle sobre o resultado.

Para Galtung, uma mediação eficaz deve abordar os três componentes do Triângulo do Conflito:
Atitudes: o mediador ajuda as partes a modificar suas percepções negativas, seus estereótipos e preconceitos mútuos. Fomenta a empatia, a escuta ativa e o reconhecimento da legitimidade do outro.
Comportamentos: o mediador facilita a comunicação entre as partes, promovendo um diálogo construtivo e evitando a escalada do conflito. Ajuda as partes a expressarem suas necessidades e interesses de forma clara e respeitosa.
Contradição: o mediador ajuda as partes a identificar as causas profundas do conflito e a buscar soluções criativas que abordem as necessidades e interesses subjacentes. Não se concentra apenas nas posições iniciais das partes, mas busca explorar as motivações por trás delas.

Galtung distingue diferentes tipos de mediação, conforme o enfoque utilizado:
Mediação baseada na resolução de problemas: foca na busca de um acordo que satisfaça as necessidades e interesses das partes. Enfoca a negociação e a busca de soluções práticas.
Mediação transformativa: vai além da simples resolução do problema imediato e busca transformar as relações entre as partes. Foca no empoderamento das partes e no reconhecimento mútuo.
Mediação cultural: leva em conta as diferenças culturais entre as partes e adapta o processo de mediação aos seus valores, normas e estilos de comunicação.

Para Galtung, um bom mediador deve possuir uma série de qualidades:
Neutralidade: o mediador deve ser imparcial e não tomar partido por nenhuma das partes.
Empatia: o mediador deve ser capaz de compreender as perspectivas e as emoções de todas as partes.
Habilidades de comunicação: o mediador deve ser um bom comunicador e facilitador do diálogo.
Criatividade: o mediador deve ser capaz de gerar novas ideias e opções para a resolução do conflito.
Paciência: o processo de mediação pode ser longo e complexo, por isso o mediador deve ter paciência e perseverança.

A mediação, segundo Galtung, não é apenas uma ferramenta para resolver conflitos individuais, mas também um instrumento para a construção da paz a nível social e político. Ao facilitar o diálogo, a compreensão mútua e a busca de soluções criativas, a mediação pode contribuir para transformar as relações entre grupos em confronto e para construir uma sociedade mais pacífica e justa.

Em resumo, a mediação, como a concebe Galtung, é um processo que vai além da simples resolução de disputas. É uma ferramenta poderosa para a transformação de conflitos, que busca abordar as causas profundas da violência e construir relações mais justas e equitativas entre as partes.


Johan Galtung (nascido em 1930) é um sociólogo e matemático norueguês reconhecido como um dos fundadores dos estudos da paz e dos conflitos. Seu trabalho tem sido fundamental para compreender as dinâmicas da violência, da paz e do desenvolvimento no âmbito internacional.

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