UM MÉTODO ANTIGO, MAS MUITO CERTEIRO. “O MÉTODO COLUMBO”

Chamada assim pelo detetive televisivo, a fórmula tem grande adesão na medicina psiquiátrica e em investigações policiais, mas também pode ser empregada na vida diária. Possivelmente, muitas pessoas não se lembrem do ator Peter Falk, que desenvolveu uma grande carreira nos Estados Unidos, criando um personagem muito especial onde, por certo, a ficção às vezes é mestre da realidade. Ele desenvolveu um método de interrogatório que acabou funcionando perfeitamente e sendo utilizado por muitas forças de segurança.

Como funciona:

Durante 69 episódios, divididos em 12 temporadas, Peter Falk interpretou o detetive Columbo na série homônima e conseguiu ultrapassar a tela da televisão. A tal ponto que o método preferido do personagem, sempre sagaz e dedutivo, passou a fazer parte da realidade e, hoje, algumas décadas depois, é considerado o sistema mais eficaz para desmascarar mentirosos.

Um relatório do corpo psiquiátrico da Escola de Medicina de Harvard descreve o método Columbo como o caminho a seguir na hora de detectar mentiras em pacientes. O Dr. Scott Beach afirmou que os pacientes mentem por diversas razões: sobre quanto álcool consomem, quanto se exercitam, ou para esconder a dor e sintomas de doenças mentais por medo de serem rotulados. Também existem aqueles que exageram os sintomas — foi nesses que ele se concentrou.

“Para pacientes que se suspeita estarem exagerando os sintomas, o método Columbo, assim chamado pelo detetive da televisão, pode ser uma estratégia particularmente útil”, apontou Beach.

A técnica consiste em repetir perguntas, aparentemente triviais, em intervalos de tempo, fingindo confusão e esquecimento. O objetivo é atrair o mentiroso para que revele ou contradiga um detalhe mencionado anteriormente, desmascarando assim o engano.

“É um esforço para detectar inconsistências na história, além de uma confrontação sutil, facilitada pelo papel de entrevistador ingênuo”, explicou o especialista.

O Dr. Beach, em seu estudo, exemplifica com o caso de um paciente que associa sua depressão à morte do irmão. “Pode-se perguntar de maneira curiosa: – Só quero ter certeza de que estou entendendo corretamente. Parece que você está tremendamente triste pela recente morte do seu irmão, mas noto nos arquivos que seu irmão também morreu em 2006, 2008, 2011 e no ano passado. Eram irmãos diferentes?”. Ao apresentar a pergunta de forma gentil, alinhado ao paciente e disposto a ajudá-lo, é possível reconhecer o estresse diante da consulta e fazê-lo cair em contradição em seu relato.

Embora seja uma tática especialmente usada por médicos e detetives, ela pode ser perfeitamente aplicada no dia a dia para descobrir mentiras em situações cotidianas.

Como usar o método Columbo?

• Usar perguntas casuais para que a outra pessoa fale abertamente.
• Ser confuso ao falar, sugerindo certa incompetência.
• Sempre ser amável e acolhedor, mesmo diante de possíveis ameaças.
• Utilizar conversas sem sentido para distrair a pessoa e levá-la a uma falsa sensação de segurança.
• Quando se atingir o ponto necessário, reformular perguntas anteriores para detectar inconsistências.