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Modelos de análise de conflitos: Desdobrando a complexidade para a compreensão e intervenção

Equipe de análise Soft Skills Lab

26 jan, 2025

A conflictologia, como disciplina dedicada ao estudo e à gestão do conflito, se alimenta de diversos modelos teóricos que oferecem marcos para analisar e compreender as dinâmicas conflitivas. Esses modelos, longe de serem receitas rígidas, são ferramentas conceituais que nos ajudam a desmembrar a complexidade do conflito em seus componentes essenciais, facilitando assim a identificação de suas causas, seus atores, suas dinâmicas e as possíveis vias de resolução. Este texto explora alguns dos modelos de análise de conflitos mais relevantes, destacando sua utilidade para a compreensão e a intervenção em situações conflitivas.

Um modelo clássico é o Triângulo do Conflito de Johan Galtung. Este modelo representa o conflito através de três componentes inter-relacionados:

  • Atitudes: referem-se às percepções, crenças, estereótipos e emoções que as partes têm sobre o conflito e sobre a outra parte. Atitudes negativas, como o preconceito, o ódio ou a desconfiança, podem intensificar o conflito e dificultar sua resolução.
  • Comportamentos: referem-se às ações que as partes realizam no âmbito do conflito, que podem variar desde a comunicação verbal até a violência física. Os comportamentos podem ser cooperativos ou competitivos, construtivos ou destrutivos.
  • Contradição: refere-se à incompatibilidade entre as metas, interesses ou valores das partes. A contradição é a fonte do conflito, a raiz do problema.

O triângulo de Galtung nos ajuda a compreender que o conflito não é apenas um evento isolado, mas um processo dinâmico no qual interagem atitudes, comportamentos e contradições. Para abordar um conflito de forma eficaz, é necessário analisar os três componentes e buscar soluções que atuem sobre eles.

Outro modelo importante é o Ciclo do Conflito. Este modelo descreve as diferentes etapas que um conflito geralmente atravessa, desde seu início até sua possível resolução. As etapas podem variar dependendo do modelo específico, mas geralmente incluem:

  1. Fase latente: o conflito existe, mas ainda não se manifesta abertamente.
  2. Fase de início ou desencadeante: um evento ou uma ação desencadeia a manifestação do conflito.
  3. Fase de escalada: o conflito se intensifica, as partes se polarizam e a comunicação se deteriora.
  4. Fase de crise ou estagnação: o conflito atinge seu ponto culminante e as partes se encontram em um impasse.
  5. Fase de desescalada: o conflito começa a diminuir em intensidade e as partes buscam uma solução.
  6. Fase de resolução ou transformação: chega-se a um acordo ou transforma-se a relação entre as partes.
  7. Fase pós-conflito: implementam-se os acordos e busca-se a reconciliação.

Compreender o ciclo do conflito nos ajuda a identificar em que estágio se encontra um conflito específico e a adaptar as estratégias de intervenção de acordo.

  • O modelo de negociação baseada em interesses: concentra-se na identificação e satisfação dos interesses subjacentes das partes, em vez de focar apenas nas posições iniciais.
  • O modelo de mediação transformativa: concentra-se na transformação das relações entre as partes, buscando melhorar a comunicação, a compreensão mútua e o reconhecimento.
  1. Identificar os atores: quem são as partes envolvidas no conflito?
  2. Definir a contradição: qual é a fonte do conflito? Quais são os interesses ou valores opostos?
  3. Analisar as atitudes: quais são as percepções, crenças e emoções das partes?
  4. Observar os comportamentos: quais são as ações que as partes realizam no âmbito do conflito?
  5. Determinar a fase do ciclo do conflito: em que fase o conflito se encontra?

Ao aplicar esses modelos, podemos obter uma compreensão mais profunda da dinâmica do conflito e desenvolver estratégias de intervenção mais eficazes. Os modelos de análise de conflitos são ferramentas valiosas para qualquer pessoa que trabalhe na gestão e resolução de conflitos, sejam mediadores, negociadores, líderes comunitários ou qualquer pessoa que busque compreender melhor as complexas dinâmicas da interação humana.

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